quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A Alma de um Rei - Cap 8 (parte 2) - Belezas, um Sonho e uma Imagem


      Estava confusa com meus próprios pensamentos, eu devia ter perdido algo da conversa dos dois, por que simplesmente saímos daquelas imagens e estávamos de volta, no lado de fora de minha mente, ou seja lá o que aquilo era. Não sentia mais dele insegurança, nem uma intensão ameaçadora quanto a mim. Alícia era realmente muito boa no que fazia, ela havia convencido o Guardião a nos aceitar assim, sem mais nem menos.

- Sigam-me. - Falou Kastiel depois de finalmente recompor suas expressões.
      Nem falamos nada, nem contestamos. Vai que ele mudava de ideia? Simplesmente o seguimos. Saímos de onde estávamos por um caminho esquisito e que se não estivesse sendo guiada provavelmente nunca notaria sua existência. Bryan agarrava minha mão, eu podia sentir sua tensão e ao mesmo tempo confiança em mim, ele não sabia o que havia se passado em minha mente, não fazia ideia se estávamos indo pra plena aceitação ou para a condenação e ainda assim estava a nos seguir. Passamos por muitas grutas e descidas, muitos encantamentos de ilusão e proteção, fiquei surpresa por percebê-los e por transpassa-los sem problema aparente.
      Ao fim do caminho e o ampliar-se do horizonte, aquilo não podia ser considerado uma cidade, possuindo uma grande extensão de plantação, mas ainda assim, sua estruturação era grandiosa e iluminada, aquela cidade escondida embaixo do solo, a qual eu estava sendo guiada. As construções não pareciam muito sofisticadas como das cidades grandes, pareciam reaproveitamento da arquitetura original das ruínas, mas de certa forma, melhorada ou restaurada, poderia assim dizer. As casa não eram muito altas, quase todas de apenas um andar, somente ao centro havia algumas maiores. As plantações ao oeste da cidade cobriam uma gigantesca área com diferentes tipos de plantas que nunca nem havia visto. Me perguntava quantas pessoas viveriam ali para plantarem tanta comida.
      Eu estava certa, havia muita gente ali. Pois quando paramos acima de um morro que era mais alto do que a cidade, muitos pararam e ficaram a nos olhar sem compreender, talvez nunca tivesse sido inserido a eles uma pessoa de fora. Estava grata por estar longe o suficiente para não poder ver perfeitamente suas expressões. Voltamos a andar em direção a cidade e sentia centenas de olhares cravados em nós dois.
      Já dentro da cidade as pessoas nos olhavam com curiosidade mas com temor no fundo de seus olhos. As vezes olhavam para Kastiel incrédulos, duvidosos de que era ele mesmo, mas não conseguiam acreditar que ele seria influenciável ou derrotado a ponto de ser controlado. Como todo bom governante ele com certeza deve ter aqueles que são contra ele e desejam ter o poder de controlar uma cidade escondida de magos, em tempos como aqueles ter subordinados poderosos e leais poderia significar tudo, pensar nesse tipo de hipótese me perturbou um pouco, temia não só por mim, mas por Kastiel, mas até que ponto ele se sacrificaria para fazer a vontade de Alícia?
      Andamos pela cidade com as pessoas ainda nos olhando só que agora nos seguindo. Até chegarmos a uma praça central, Kastiel subiu em uma elevação no meio dessa praça e nos fez subir também. Em alguns instantes a praça já estava cheia de pessoas. Imaginei que todos estivessem ali, afinal supostamente todos tendo mágica a comunicação era praticamente instantânea. Todos aguardavam que ele dissesse algo que explicasse aquela situação. Felizmente, para o controle do meu nervosismo, ele se preparou para falar.
- Caros amigos. - Começou ele e um silêncio imediato se instalou, não só pela multidão mas por ele também que parecia escolher suas palavras com muito cuidado. - Venho a apresentar a vocês nossos mais novos membros. Sim, reconheço que é um fato único para todos nós, contudo, eles não são nossos inimigos, muito pelo contrario, são nossos mais importantes aliados e devem ser tratados como tal! - Essa parte em particular nos chocou, talvez até mais do que a aquela população, imagino por que ele diria tais coisas, simplesmente para que fôssemos tratados bem de verdade ou se ele realmente queria dizer aquilo. - Eles devem ser tratados como cidadãos como qualquer outro, como todos os direitos, pois então tratem-os com o mesmo cuidado que se tratam. - Houve um pequeno murmúrio entre algumas pessoas, mas parou rapidamente. - Obviamente terão de cumprir todas as nossas obrigações. Entretanto, acredito que todos nós não nos importaremos de darmos a eles o privilégio do necessário tempo para que se acostumem aos nossos costumes. Logo, apesar de toda nossa confiança que estamos dando aos nossos mais novos companheiros, eles só poderão deixar a nossa cidade a partir do momento que estiverem totalmente adaptados, aos nossos costumes e regras, e principalmente familiarizado com nossas estratégias de saída e entrada. - A partir daí todos pareceram aliviados, me perguntava quanto tempo para que todas essas coisas tornassem-se realidade, mas tentei não me prender a esses detalhes, mas sim ao simples fato de que me veio a noção de que na verdade havíamos nos tornado prisioneiros em suas mãos, só que não ficaríamos parados em um cela consumindo sua comida, mas sim trancados em sua cidade trabalhando para eles.

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