segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Alma de um Rei - Cap 4 (parte 1) - Cardeias da Coroa

     Não fazia ideia do que fazer, sabia que tudo que eu pensava estava passando em minha mente muito rápido, eu tinha segundos pra decidir o que fazer, como fazer, pra sair dali sem ser atingida e sem deixar ele ser atingido. O pior, por mais que eu pensasse e os segundos fossem passando bem devagar não conseguia pensar em nada que nos tirasse dali, quando algo me confundindo mais ainda.

"Atire!" - Ordenou Alícia.
"Atirar? Como assim? No que esta pensando? Atirar o que? Em quem? Qual deles?" - Me perguntava desesperada vendo todos se aproximarem lentamente, vasculhando por onde exatamente estaríamos.
- 'Unda Magnetica Spiritu'- Foi tudo o que consegui pensar e soltei.
- O que esta fazendo? - Perguntou Brian aterrorizado por me ver soltar alguma mágia e demonstrar exatamente onde estávamos. Mas já era tarde a magia subiu no mais alto possível e estourou. Todos os caçadores começaram a descer rapidamente, afinal seus meios de transporte havia sido desligados, mas isso não os incapacitava por completo, mesmo daquela altura eles tinham muitos outros métodos pra sobreviver.
     Eles nem esperaram chegar ao chão e saber que sobreviveriam, todos começaram a disparar contra nós, podia sentir toda aquela chuva de tiros vindo em nossa direção, pude sentir os movimentos de Brian já para interceptá-los, quando um rugido distraiu a todos. Todos sabiam o que aquele som anunciava. Terror. Das paredes de uma parte das ruínas surgiu, enquanto ele destruia suas paredes, um dragão negro. Havia um cardeal da coroa ali. Os caçadores mudaram de alvo obviamente, eles sabiam que não tinham chances contra ele, mas ainda assim, havia uma esperança ou desespero de consegui machucá-lo antes de morrer.
"Fuja! Você não tem tempo, avance em meio aos caçadores! O que esta esperando?" - Gritava Alícia em minha cabeça enquanto eu encarava aquela criatura assombrosa e tentava localizar seu mestre. - "Corra!" - Gritou ela de novo, segurei Brian pelo braço e o puxei indo em direção aos caçadores que iam caindo e atirando contra o dragão, que nem se incomodava com seus disparos.
     O desespero pulsava em minhas veias e suspeitava que nas do Brian também, pois ele não relutou aos meus puxões, muito pelo contrário, ele percebeu bastante rápido o que queria e já estava a minha frente me puxando, corremos mais rápido do que minhas pernas e pulmões poderiam suportar, mas eu não lhes dava o direito de reclamar, a adrenalina fluía pelo meu corpo de tal modo que os tiros e rugido eram abafados pelo barulho que meus batimentos cardíacos faziam em meus ouvidos.
     Podia sentir a terra tremer, mesmo mal a tocando, ainda ouvia barulhos de tiros, mas o mais preocupante os rugidos do dragão e o início dos gritos de agonia, pavor, dor e sofrimento que os caçadores fizeram. Não podia saber exatamente aonde ia, mas túneis me pareciam bem mais viáveis, entramos em um o mais perto e rápido possível, ele era bastante escuro, mas não paramos de correr por nada, os sons nos fazia correr ainda mais rápido, principalmente por que ecoavam por dentro dos túneis e pareciam estar tão perto como se não tivéssemos nem saído do lugar.
     Apesar de todo pavor que sentia, na escuridão em que corriamos, por túneis inacabáveis, me apavoravam os gritos que conseguia ouvir, mas nunca pensei que parar de ouví-los pudesse ser mais aterrorizante ainda. Pois se não havia mais barulho já estavam mortos, e o cardeal estaria livre pra vagar novamente por aí a destruir a tudo e todos. Imediatamente paramos de correr e andamos de um modo bem mais silencioso, tentando respirar sem fazer barulho algum, o que era quase impossível. Estávamos indo bem devagar tentando flutuar, quando encontramos um portão dentro do túnel que guardava um grande quarto, entramos nele e nos fechamos ali e ficaríamos o tempo necessário pra ter certeza de que poderíamos sair e eu esperava que Alícia me dissesse quando fosse essa hora.

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