quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Alma de um Rei - Cap 4 (parte 2) - Cardeias da Coroa

     O quarto estava bem escuro, estava um silêncio absoluto do lado de fora, sabia que estava cansada, mas não conseguia sentir, meu corpo estava em completo alerta, preparado pra ter que voltar a correr a qualquer instante, a medida que o tempo foi passando fui relaxando um pouco mais, mas nunca relaxaria por completo.

- Você esta bem? - Me perguntou Brian, olhando pra mim, como se estivesse apavorado pelo que via. Me perguntei qual expressão eu deveria estar fazendo e relaxei mais, deixando minhas feições relaxarem antes de responder sim.
- Estou bem sim. Não se preocupe, não estou machucada. - Esperei um tempo até que ele acreditasse no que eu havia dito e continuei. - De onde ele surgiu? Eu não havia reparado nada dele, nem senti a presença do cardeal? Desde quando cardeais escondem sua presença?
- Talvez nós não estivéssemos prestando atenção. Mas, como sabe que eles não se escondem? - Perguntou ele.
- Pra que se esconderiam? Os humanos não tem chances contra eles, eles ainda dão chances deles fugirem se conseguirem rastrear a grande quantidade de energia deles. Mas realmente me espanta da... - Não iria falar de Alícia ainda pra ele. - de eu não tê-lo percebido.
- Falando nisso, como aprendeu a percebê-los? Quem te ensinou? Como aprendeu duas artes? - Perguntou ele se lembrando que eu ainda não havia respondido a isso e que ele realmente não sabia como eu havia feito.
- Não sei o quer quer dizer. Onde eu aprendi? Quem me ensinou? Eu sempre soube, minha magia sempre respondeu intuitivamente, quando preciso solto o que preciso, ou então minha 'consciência' me diz o que fazer. - Alícia era de certa forma minha consciência então não me incomodei de chamá-la assim.
- Como isso é possível? Quem te ensinou as línguas? Ou os termos? Cardeal por exemplo, você não deveria saber o termo, a não ser que estivesse sendo treinada pra ser uma caçadora.
- Meus pais foram mortos por Cardeais, o que não quer dizer que eles eram bruxos, eu era muito pequena pra lembrar se eles eram ou não. Mas qual a diferença de quem me ensinou o que? Ou o que deixou de me ensinar? - Argumentei antes que ele começasse a perguntar as mesmas coisas de novo.
- Não faz muita diferença, mas gostaria de saber, talvez se você deixasse eu ler sua mente eu possa descobrir como você aprendeu a usar duas artes diferentes.
     Fiquei tensa pela proposta dele, afinal ele saberia de tudo ao ler minha mente, e não é nada confortável deixar que alguém saiba tanto de você, todos os seus pensamentos, inclusive sobre a própria pessoa. Eu não confiava nele tanto assim, na verdade nem sabia se confiava nele. E ao ele propor isso, só fez com que eu desconfiasse que havia algo mais por trás dessa curiosidade toda, ele deveria estar querendo algo com minhas informações, mas se ele soubesse se desapontaria, afinal Alícia não iria falar com ele então não adiantaria ele saber de sua existência, no entanto não contaria.
"Não precisa se preocupar com isso agora. Simplesmente diga que não tem como ele ler sua mente, até por que eu não permitiria." - Alícia falou, me desconcentrando um pouco, já fazia tempo que não a ouvia.
"Por que não me avisou do Cardeal?" - Perguntei, e demorei muito tempo pra ouvir a resposta.
"Tem coisas que estão além de sua compreensão!" - Foi só o que ela disse e eu queria mais do que isso, mas sabia que provavelmente ela sabia disso, ela sempre soube o que fazer, então talvez ela soubesse o que estava fazendo em não me contar algo que eu queira saber.
- Mesmo que eu quisesse deixar você ainda assim não poderia. - Falei depois de um bom tempo com ele me olhando, ou tentando ler minha mente na esperança de que eu estivesse tentando deixá-lo, não sei ao certo.
- Como? Por que não? - Perguntou ele quase ofendido.
- Minha mente é protegida além de minhas próprias forças. E não peça pra explicar isso, por que eu não tenho como. - Ele não fez uma cara que havia compreendido o que eu havia dito, nem de que gostou do que ouviu, mas não faria lago pra que isso mudasse, ele teria que se contentar.
"Esta na hora, saiam dai e continuem o túnel!" - Alertou Alícia.
- Ok, vamos! Esta na hora de sair daqui! - Falei e comecei a abrir a porta pra sair.
- Como pode ter tanta certeza? - Perguntou ele já ao meu lado.
- Você terá que aprender a confiar em mim. - Falei e sai, mas ele não retrucou, simplesmente seguiu ao meu lado.

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