O túnel era mais comprido do que eu esperava, estávamos andando em sua escuridão já a algum tempo. O mais curioso é que andávamos em silêncio, me perguntava se ele haveria desistido de saber as coisas, ou se havia se conformado de que sempre te daria respostas vagas. Mas agora eu esta intrigada, qual a importância que suas perguntas tinham, e eu seria a única pessoa capaz de dominar duas artes. Quer dizer como se eu dominasse alguma, maior parte do tempo não sabia o que estava fazendo, simplesmente fazia.
- Pra onde vamos? - Perguntou ele, quebrando finalmente o silêncio.
- Não faço ideia, simplesmente estou andando pra onde sinto que tenho que ir.
- Nessa direção? Não é um bom lugar pra ir, o exercíto dos cardeais esta nessa direção. - Ele falou e imediatamente eu parei de andar. Me perguntava o que Alícia queria me levando nessa direção, ela sempre me protegeu tão bem e agora olha onde eu vim parar.
"Não tenha medo, você não chegará lá agora e caso vá eles não te farão mal algum, tem a minha palavra." - Alícia falou e na mesma hora voltei a andar.
- É pra lá que vamos mesmo? - Perguntou ele incrédulo, mas sem parar de me acompanhar. - Mesmo sabendo o que nos aguarda você ainda 'sente' que deve ir pra lá.
- Não iremos pra lá!
Voltei a correr, eu não sabia pra onde estava indo exatamente, mas não sabia o que seria pior, ir em direção a um exercíto que supostamente não me faria mal, ou ficar aqui e ser pega por um que me faria mal? Bem eu iria arriscar pelo palpite da Alícia e iria pra onde ela me manda, como sempre o fiz, até agora havia dado certo optar por isso. Os túneis finalmente pareciam chegar ao fim, o dia já estava acabando, o sol já se escondia no horizonte, meu corpo reclamava por descanso e comida, mas não seria agora que eu iria parar. Continuamos andando até finalmente sairmos daquelas ruinas e entramos em uma grande floresta que havia tomado seu lugar de volta com o abandono da área pela civilização. Procuramos por algo que pudéssemos comer e carregar pra quando precisássemos de novo, não encontramos muito, mas o suficente pra que não morrêssemos de fome, por agora.
"Ainda não é hora de parar." - Falou Alícia quando eu já pensava em me deitar, em qualquer canto. Pois continuei me arrastando durante mais algum tempo.
- Você percebeu que estamos fugindo justamente pra onde aquele cardeal esta indo também? - Falou ele depois de muito tempo de simplesmente me segui.
- Você tem medo de cardeais? Você na cidade parecia ser bem capaz e seguro de si.
- Contra humanos eu me garanto. Mas contra um cardeal, digamos que depende do cardeal. - Ele pareceu bem confiante, eu simplesmente sempre soube, por Alícia que deveria evitá-los, nunca me questionei exatamente o por que, se um exército de humanos simplesmente nos esqueceu por aparecer um, talvez realmente eles fossem assim tão poderosos.
- Você acha que eles podem ter o matado? - Perguntei já sabendo a resposta, eles provavelmente não teriam chances contra ele, quanto mais contra o cardeal.
- Ta brincando, né? - Houve uma pausa que ele usou pra me analizar. - Eles provavelmente viraram pó, ou menos! - Do jeito que ele falava parecia algo mais sombrio do que ele mesmo fez ao grupo da cidade.
Nem acreditei quando de repende pisei em chão de novo e não terra, inacreditavelmente atravessamo toda a àrea de floresta da região, não que fosse muito comprida nessa direção, mas eu esperava dormir antes de terminá-la, já estávamos em outra ruína, que por sinal é o que mais existe no mundo.
Foi quando o inesperado aconteceu, enquanto andávamos por uma área mais aberta. O rugido. O som era tão atorduante, não pelo som em si, mas pelo que ele representava. Olhar em volta não foi nada reconfortante, pois não o vimos em lugar algum. Do nada uma sensação de pavor me dominou, segurei o ombro de Brian, e simplesmente falei.
- 'Uncover' - De cima de nós veio o brilho, e em seguida a escuridão que a investida de um dragão negro traria sobre nós.
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