quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O Passo a um Bosque de Lembranças


  Estagnado no presente? O passar dos segundos e ainda assim o tempo conseguia soar como imóvel! Estaria tanto quanto eu? Ali, parado, a um simples passo, do passado, quase daria para imaginar; imaginar como seria lembrar do cheiro de um primeiro amor.

  Preso a um mundo de memórias proibidas, deparar-se de repente face a face com toda uma vida que não era mais minha por direito. Até lembrar-me de como dar o primeiro passo, passo esse em direção ao "conhecido desconhecido", tornava-se inadmissível tanto o mover quanto o ficar.
  Ainda assim, não ter dúvida, afundar-se completamente nesse passo. Abrir os olhos e finalmente poder ver em meio a realidade como memórias supostamente imutáveis progrediram. A vida progredia, o cenário de um mesmo sonho era outro, as árvores nasceram e morreram, o solo foi levado pelo vento e preenchido por um novo, os pequenos animais que ali viviam já tinha os finais de suas próprias histórias, até o sol, ali, parecia agora ter sido trocado e iluminava minhas memórias erroneamente.
  Todo sentimento que a memória daquele bosque possuía vazava por entre meus dedos como vidro que não suportando a pressão espatifa-se em inúteis infinitos pedaços, tornando-o impossível de ser perfeito uma outra vez, pois todo aquele sentimento não cabia mais àquele lugar, por que o tempo havia levado tudo embora e substituído por algo novo.
  Permitir-me a passear pelo redor de minhas lembranças e ver que elas não estavam mais ali, pois em seus lugares havia apenas a solidão de folhas ressecadas, ervas daninhas e galhos mortos em putrefação que logo nem sequer existiriam mais.
  Mas a sombra que realmente destruía a realidade em conflito com minhas memórias, era o saber que o tempo não havia alterado a essência apenas do sentimento relacionado àquela lembrança específica do passado sobre o bosque, mas sim, eu, como um todo. Havia transformado-me simplesmente num inútil bolo de cacos de lembranças já esquecidas de um passado proibido.

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