quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Primeiro Capítulo de um livro que irei Publicar - Ainda sem Nome!

    Vinte e um de Setembro de dois mil e dez, nunca esquecerei esse dia. Eu nem conseguia acreditar que já se passara cinco dias desde então. Eu ainda estava totalmente incrédula olhando para o tumulo de meus pais, nem sabia mais a quanto tempo eu estava ali parada, meus pés já doíam bastante e agora eu começava a me sentir realmente cansada.

     Já começara a escurecer e Dr. Maximilian, o nosso advogado de confiança, voltara e eu sabia que dessa vez ele não iria embora sem me levar junto com ele. Por que ele não poderia simplesmente me esquecer aqui? Seria pedir demais? Sei que eu só estava atrapalhando os seus serviços, que ele provavelmente se sentia em debito com meus pais e lhes realizaria todos os requisitos dos seus testamentos.
- Katty. – chamou ele com uma voz de pleno arrependimento por ter falado alguma coisa, senti pena dele. Mas por que eu fui senti pena dele? Será que ele não poderia ter pena de mim e me deixar mais tempo aqui? Eu não fazia a mínima ideia de quando eu poderia voltar ali de novo depois que partisse, se é que eu poderia voltar algum dia.
- Katty... – chamou-me ele de novo e pôs uma de suas mãos em meu ombro esquerdo – Querida eu sei que você quer ficar aqui com seus pais, eu também sei que vai ser super difícil pra deixar tudo pra trás. – Na verdade nem seria tão difícil assim deixar tudo para trás, pois eu não queria mais nada daquela vida, essa minha vida havia acabado quando meus pais... me deixaram. Não podia dizer essa palavra era como aceitar o que aconteceu e eu não iria aceitar assim tão fácil. Mas seria impossível, para mim viver longe de onde eles estavam.
     Chovia muito forte agora, estava tudo coberto de folhas secas e sem vida, as árvores sem suas folhagens pareciam mais sem vida do que nunca antes eu havia visto. Mas as únicas coisas que eu olhava de fato eram dois nomes escritos em mármore: Sophie e August.
     Dr. Maximilian suspirou, e isso me corroeu pobre homem tendo que me aturar e a todos os meus caprichos, ele não merecia ficar horas parado ali numa chuva daquela, então tive que fazer algo quanto a isso, por mais que minha vontade fosse nunca mais me mexer daquele lugar.
- Dr. Maximilian, você já pode esperar no carro, não fique ai tomando chuva por minha causa, só vou me despedir, prometo. – Uma promessa altamente difícil de cumprir, mas eu iria tentar!
- Obrigado, minha querida!
- Max? – Ele voltou a olhar pra mim então lhe perguntei - Pelo que? – Realmente não entendia um motivo pra ele me agradecer
- Por falar. – Não entendi muito bem o que ele quis dizer, não sabia se era por eu ter falado agora pra ele poder se tranquilizar, ou por eu ter falado dês do acontecido, agora que eu havia parado para pensar nisso eu não tinha certeza se já havia falado alguma coisa.
     Eu me abaixei para ficar mais perto deles o que fez com que a chuva me molhasse ainda mais, mas o tempo estava passando e eu não queria desperdiçá-lo.
- Mãe, pai, onde quer que vocês estejam não se preocupem comigo. Eu vou ficar bem, é serio. Sei que parece difícil de acreditar assim de cara que eu vá superar, na verdade nem eu mesma acredito muito nisso nesse exato momento, mas uma coisa eu prometo a vocês, eu vou tentar, tá bem? Mas por favor não fiquem zangados comigo se eu tiver momentos de fraqueza. Amo muito vocês, sempre amei e sempre amarei! Adeus.
     Levantei e virei de costas, me virei até ficar na direção do carro e comecei a andar, sem nenhuma pressa, podia sentir a distância entre meus pais e eu aumentando e isso me doía bastante. Cheguei até o carro segurei a maçaneta e abri, nessa hora tive uma vontade imensa de grita só mais um pouco e voltar correndo para onde eu estava, mas não o fiz, sabia que já era a hora de partir. Entrei.
     No carro Max me explicou novamente toda a minha situação, de novo. Mas como da primeira vez, não prestei atenção a quase nada, eu só ficava olhando pela janela vendo o mundo passar. Só o que eu peguei de tudo que ele falou, foi algo sobre uma tia, mas eu nunca soube de tia nenhuma então eu devia ter escutado errado. Mas o pior era ir para tão longe, sair da Inglaterra pra morar no Canadá, não seria nada fácil. Mas no desenrolar do meu frenesi algo do que ele falava agarrou minha atenção.
- Já mandei todas as suas coisas pra sua nova casa. O seu voo sai em duas horas e meia, então acho que vai dar tempo de você troca essa roupa que está toda molhada, você pode se trocar lá em casa, eu ainda tenho uma mala de roupas suas aqui comigo no carro. Nós vamos passar lá pra pegar sua nova tutora mesmo.
- Como assim? Ela esta aqui? Quando que ela veio? E pra que ela veio? – Não me lembrava de ter sido apresentada a ela, nem de ver uma desconhecida em cima de mim.
- Como assim? Quem te pergunta sou eu. Por que quando eu te contei que seus havia... – Olhei pra ele quase em choque instantâneo, não podia acreditar que ele iria dizer – Quero dizer quando houve o acidente e eu percebi que você não teria condições de organizar nada, eu entrei em contato com ela e ela mesma veio organizar tudo por você. – Ok, depois dessa eu não sabia como desfazer minha cara de choque.
- Você vai gostar dela. Me pareceu uma moça muito gentil e educada. – Eu não tinha tanta certeza assim de que iria gostar dela, afinal por que eu nunca ouvir falar dela?
     Quando chegamos na casa do Max não tive a mínima vontade de sair do carro, dava a impressão de que “a vida continua” que eu não queria sentir, não queria continuar a vida pelos outros, queria poder chorar tudo de uma vez, quieta, sem ter que pensar em como encarar as pessoas e ser encarada, queria não fazer nada até ter pelo menos começado a me recuperar, mas acho que fazendo do meu jeito nunca me recuperaria, talvez tivesse um lado positivo das pessoas estarem me forçando a ir pra frente, afinal eu prometi que iria tentar.
     Ao entrarmos na casa Max me apresentou a Senhorita Sherman , eu acenei de longe mesmo sem olhá-la, não queria conhecê-la talvez com o tempo se ela tivesse uma boa desculpa pra minha mãe nunca ter me falado de sua existência, eu tentaria conhecê-la melhor. Ao menos a apresentação me tirou uma duvida, ela era minha tia por parte de mãe, pelo menos elas tinham o mesmo sobrenome. Fui direto a um quarto me trocar peguei a roupa mais escura que tinha na mala e tentei me vestir o mais rápido possível, e até que consegui, fui ser bem rápida. Voltei à sala onde eles se encontravam para saberem que eu já estava pronta.
- O que você mandou exatamente? – Perguntei curiosa, pois na minha mala de roupa tinha muitas coisas que eu não usaria mais, na verdade quase tudo.
- Como não sabíamos o que você iria querer mandamos tudo. – Respondeu minha nova guardiã com uma voz super feliz por poder me responder uma pergunta. Eu me recusava a olhar em sua cara, pois pelo modo como falou ela deveria estar sorrindo, e como ela poderia estar feliz com a morte da própria irmã?
- Se não tiver problema, eu gostaria de não levar nada, eu realmente não quero ficar olhando pra todas as coisas de minha casa. – Só de imaginar entrar em um quarto igual ao onde costumava acordar, isso me apavorava, sabia que todos os dias iria olhar pra porta e ver minha mãe entrar pela porta vir reclamar comigo, nossa como sentiria falta disso, por incrível que parecesse, daria tudo pra ouvi-la reclamar comigo só mais uma vez.
- Claro minha querida, tudo o que você quiser. Mas você vai precisar de suas roupas enquanto não compramos novas. – Não gostei nada dela ter me chamado de “minha querida”, acabamos de nos conhecer, e ela já estava sendo inacreditavelmente possessiva.
- Ok, já esta na hora de irmos. – Anunciou Max, o que me trouxe de volta a ideia de deixar os meus pais pra trás. Ao menos uma coisa eu tinha que admitir, aquela mulher tinha um alto poder de me distrair, mesmo que fosse por sentimentos ruins e confusos.
     Max abriu a porta pra nós e ficou a segurando enquanto eu passava por ela, mas bem na porta eu senti uma enorme vontade de ver o rosto de minha guardiã, então, parei. Virei pra olhar pra trás e olhei pra ela, ela estava de costas pra mim usava um vestido longo, bem simples, preto e um sapato alto preto, tinha o cabelo longo e liso que ia até quase a cintura, ele era castanho escuro e estava solto, mas bem penteado. Quis olhar nos olhos dela então esperei que ela virasse, mas ela se exaltou por um segundo, como um susto, enfiou a mão em sua bolsa tirou um celular e atendeu, começou a falar sobre as minhas coisas que estavam indo pra lá. Então eu não iria morar só com ela, ainda bem por isso.
- Vamos? – Incentivou-me Max, olhando pra mim e pra porta, eu o olhei e então olhei pra ela de novo pra ver se pela fala dele ela olharia pra porta também, mas ela não o fez. Perdi a vontade, só queria sair dali e chegar logo para ter um canto pra ficar só, ao menos eu esperava que me dessem um quarto, mesmo que fosse pequeno, ou ao menos a privacidade de um banho bem demorado já me faria ficar bem melhor.
- Vamos. – Lhe disse olhando pra ele nos olhos, o afeto que demonstrava em seus olhos por mim quase me fez sorrir, afinal eu não estava completamente só e eu sei que se qualquer coisa me acontecesse eu poderia contar com Max. Pus minha mão direita em seu ombro direito quando ia passar olhei pra ele e sorri, ou pelo menos tentei, dei o meu melhor, pra que ele também soubesse, ou pensasse, que eu iria ficar bem, não queria que ele ficasse se preocupando comigo.
     O caminho até o aeroporto não foi muito longo, eu apenas observava minha cidade ficando pra trás, eu ia me despedindo de cada pedacinho que eu via passando pela janela. O tempo no aeroporto também foi muito curto depois que passei pelo “check in” eu percebi que Max não viria conosco, eu seria deixada mais uma vez.
- Por que você não vem Max? – Fiz cara de sofrimento e incompreensão sem nenhuma dificuldade.
- Não será necessário, eu já conheci sua tutora, sei que está em ótimas mãos e um dia você vai ver isso também. – Eu queria começar a chorar, de novo, eu já podia sentir vários nós em minha garganta, quando Max me abraçou e disse – Vai ficar tudo bem Katty, você vai ver.
- Obrigada por tudo Dr. Maximilian. – Falou minha guardiã fazendo com que Max terminasse o abraço pra ir apertar sua mão, e eu a odiei por isso.
- Disponha sempre que precisar, estamos ai. – Respondeu ele sendo super gentil com aquela desconhecida malvada. O que eu nunca tinha reparado é que Max era uma pessoa incrível, além de muito bonito, loiro de cabelos curtos, um belo porte, formado em advocacia, muito bem sucedido, bem isso ele devia isso aos meus pais, mas tão jovem e já tão pronto pra lidar com a vida. Eu sentiria muita falta dele na hora do chá da tarde, ele sempre teve um ótimo papo.
- Se cuida Catherine. – Disse Max segurando-me pelos ombros.
- Se cuida Maximilian. – Disse isso no mesmo tom de brincadeira que ele, mas me doeu bastante me despedir dele.
     Fomos para o avião, enquanto desse para eu olhar pra Max eu não tiraria os olhos dele, mas infelizmente nada dura para sempre, eu estava começando a acreditar que isso era verdade. Já no avião minha guardiã perguntou se eu estava com fome, disse que só com sono, virei pra janela e dormi, ou fingi, ou um pouco dos dois. Quando aterrissamos e ela me acordou eu estava realmente dormindo, nem eu mesma acreditei que conseguira dormir, mas agora me sentia com muito mais sono do que antes.
     Ao lado de fora do aeroporto esperava um homem com um jipe, eu não sabia exatamente qual, mas era desses que se usa em corridas pelo deserto ou coisas do tipo que se vê na TV. Assim que entrei no carro eu os ouvi cochichando alguma coisa, então deveria ser com ele que eu iria viver também, mas Max a chamou de senhorita, então não era casada, ainda, mas não me importava muito com isso no momento. Simplesmente dormi.

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